quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cataratas Vitória

O rio Zambeze é o quarto maior rio da África e o maior dentro daquele continente que deságua no Oceano Índico. Com 2.574 quilômetros de comprimento, sua bacia hidrográfica tem uma área aproximada de 1,39 milhões de km². Nasce na Zâmbia a cerca de 1.500 metros de altitude, passa pela província angolana do Moxico, estabelece fronteira entre a Zâmbia e o Zimbábue e atravessa o Moçambique de oeste para leste até chegar ao oceano, num gigantesco delta.




Entre os limites da Zâmbia e Zimbábue estão localizadas as Cataratas Vitória, uma das quedas de água mais espetaculares do mundo. David Livingstone (1813-1873), um missionário escocês e explorador da África, foi quem as descobriu, em 17 de novembro de 1855, durante sua jornada seguindo o curso do rio Zambeze, que aconteceu entre 1852 e 1856. Ele tinha como objetivo apresentar aos povos do interior da África o cristianismo e libertá-los da escravidão. Mas antes de Livingstone, os nativos já conheciam as cataratas.

Sítios arqueológicos em torno da cachoeira revelaram artefatos de pedra que pertenceram ao Homo habilis, descendente da nossa espécie (Homo sapiens) que viveu há 3 milhões de anos atrás. Isso sem falar em artefatos que foram construídos no Paleolítico Médio e no Paleolítico Superior. Os bantos, um grupo étnico subsaariano, habitou a região há aproximadamente dois mil anos e chamou as cataratas de Shungu na mutitima. Os Matabele, futuros moradores, as nomearam como aManz’ aThunqayo. Os Batswana e os Makololo, cujas tribos podem ser encontradas até hoje naquela região, nomearam a queda de água como Mosi-oa-Tunya. Todos esses nomes aparentemente sem sentido tinham um único significado: “a fumaça que troveja”.

Vou explicar. Apesar de possuir 107 metros de altura, o que é relativamente pequena para quedas de água, as Cataratas Vitória possuem 1.737 metros de largura, fazendo dela o maior lençol de água em queda do mundo: são, em média, 1.088 metros cúbicos de água por segundo, ou seja, 1,088 milhões de litros de água despencam por segundo das cataratas. O som, sem a menor dúvida, é estrondoso e uma boa parte do grande volume de água se transforma em inumeráveis gotículas, como numa espécie de garoa. Essa garoa ás vezes pode ser vista a até 20 quilômetros de distância, além de formar, juntamente com a luz fornecida pelo Sol, um arco-íris eterno.

Impressionado, David Livingstone nomeou a queda de água como Cataratas Vitória, em homenagem à Rainha Vitória I do Reino Unido (1819-1901), cujo governo foi marcado pela Revolução Industrial e incorporação da Índia ao Império Britânico (1877). O nome permaneceu e a fama se estabeleceu. Cecil John Rhodes (1853-1902), colonizador e homem de negócios britânico, idealizou a Ponte das Cataratas Vitória, mesmo sem nunca visitar a região e morrer antes do início da construção de sua obra. Construída em apenas 14 meses, a ponte foi aberta oficialmente por George Darwin, filho de Charles Darwin, em 1905. Foi feita em aço, com 198 metros de comprimento e é suportada por um arco com um alcance de 156,5 metros a uma altura de 128 metros, acima da parte mais rasa do rio no desfiladeiro abaixo. Atualmente, é utilizada para tráfego de automóveis e para a prática de bungee jumping.

Dois parques nacionais abrangem as Cataratas Vitória. O Parque Nacional Mosi-oa-Tunya, com 66 km² de área está no lado da Zâmbia e apresenta como bioma o biombo, uma espécie de savana com árvores caducifólias, isto é, perdem a folhagem em uma determinada estação do ano, bastante comum na África Subsaariana. Várias espécies de aves podem ser encontradas nesse parque, além de animais como a girafa, a zebra, o javali-africano, a palanca-negra, o antílope, a impala, o elefante, o hipopótamo, e o crocodilo. A região onde se localizam as Cataratas Vitória no Parque Nacional Mosi-oa-Tunya incluem uma floresta tropical extremamente importante e delicada, por guardar espécies vegetais muito raras. Do lado do Zimbábue, está o Parque Nacional das Cataratas Vitória, com 23,4 km². A chuva de gotículas causada pela queda de água fez com que uma floresta tropical também crescesse neste lado do rio. Algumas árvores, como o mogno, são comuns neste parque e não podem ser encontradas em outro local em um raio de vários quilômetros. Para visitar qualquer um dos parques, são necessárias precauções contra o mosquito Anopheles, que transmite a malária, uma doença infecciosa que afeta cerca de meio bilhão de pessoas todos os anos.

Devido a sua beleza cênica e importância dos ecossistemas próximos, as Cataratas Vitórias foram classificadas pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade em 1989, juntamente com os parques nacionais próximos. Realmente, estamos falando de uma das grandes maravilhas do nosso planeta, que recebe quase meio milhão de visitantes anualmente.

Fonte: www.milmaravilhas.net

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